Poema Meu - Mentira
Vem cá, sussurra baixinho no meu ouvido,
Eu finjo que acredito, não duvido.
Se for pra te agradar, eu cedo,
E, se preciso, até invento um enredo.
Pode sorrir, agir como bem quiser,
Encenar a peça, vestir qualquer papel.
Pode até pensar que sou um qualquer —
Mas no fim, mentira sempre leva ao fel.
Cansei de dançar no teu teatro vazio,
De aplaudir cada cena, mesmo a contragosto.
Fui figurante no enredo que não era meu,
E teu silêncio vestia o pior dos desgostos.
Agora já sei teus atalhos e truques,
A moldura é bonita, mas o quadro é sem cor.
Se quiser continuar, siga só — sem mim,
Pois a mentira, em mim, já perdeu o sabor.
por Afonso Baldez
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