Poema Meu - Mais-Valia Pra Quem?
Sobre os calos em minhas mãos —
Eles não importam.
E o suor que escorre da testa?
Também não é relevante.
O que conta é o que minha tração garante:
O produto do meu esforço — isso sim, é importante.
As horas que me restam
Estão contadas.
E mesmo quando o corpo adoece,
É melhor bater o ponto.
As esteiras continuam girando,
Folga só vem quando o corpo cessa de vez seu confronto.
Mesmo que eu tenha forças,
Nunca me deixarão ser mais.
Lá no topo vivem os que têm jantares em bandejas —
Gente que nunca viu calos ou jamais soube o que é suor em excesso.
Serei apenas o que minhas mãos produzem.
Por mais que me doa, por mais que eu tente,
Jamais serei dono de mim.
Sempre serei posse. Deles. Permanentemente.
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