Poema Meu - Ela, Lilith


O fruto do conhecimento
Não me trouxe saber,
Não foi cimento
A sustentar minha fundação.

Ainda estou abalado —
Após ser cuspido, escarrado do paraíso.
Sem juízo, sem asilo,
Só eu... e as trevas.

Foi Lilith quem fez
Do meu céu o inferno,
Do meu inferno, o céu.

Agora passo frio —
E o inverno vem chegando.

Ela nem precisou do fruto,
Pois já detinha o conhecimento
De todas as vidas que viveu.

Por um instante,
Seu paraíso fui eu.

Mas ela não precisou de fruto —
Pois já detinha o meu conhecer,
O ser que fui... e o que sou.

Sabe ela do meu exílio.
E não há Eva que me dê paz,
Que me traga abrigo,
Onde quer que esteja o meu paraíso.


por Afonso Baldez

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