Poema Meu - Pai?


Pai? Que pai?
Havia um homem. Ele vinha
Ano sim, ano não.
Trazia coisas,
Visitava a minha casa,
Era recebido em meu teto —
Mas, daquele homem, eu só tinha coisas:
Não tinha nenhum afeto.

“E o seu pai?”, você me pergunta.
“Não sei... está por aí!”
E, hoje em dia, eu me pergunto:
Será que, quando perguntam sobre seus filhos,
Ele também responde:
“Não sei... estão por aí!”?

Digo a você que
Dessa indagação não tenho como fugir.

Do pai que eu tive, ganhei algumas — muitas — coisas.
Mas a mais valiosa, agora eu lhe direi:
Foi ter a noção do pai que eu não tive,
Pra, em vida, saber o pai que eu serei.


por Afonso Baldez

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