Poema Meu - Inânia


Nunca é nada,
Não importa o quão vultoso seja.
É ensejo,
Pouco caso.

Meu desejo é nada —
E é nada, nunca.
Bastava uma pergunta.
Mas como é nada,
Não precisa pergunta.
Nunca.
Pois nunca é nada.

Em contrapartida,
Quando o outro quer,
Precisa — e abunda.
Sempre e tudo
Andam juntos.
Pois são do outro.
E pro outro é tudo,
Tudo, sempre.
Porque é do outro.

Mesmo esse conglomerado de letras,
Que ora rima, ora não,
Que saíram pouco da mente,
Pouco do coração,
São algo pra mim — em algum momento.

Mas pro outro?
É nada. Nunca.
Ele nega, recusa, me acusa.
Eu lamento.

Queria que fosse algo.
Continuo querendo.
Queria que fosse algo.
Isso: fomento.

por Afonso Baldez

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