Poema Meu - Alcoólatra Crônico
Retiro, metodicamente, cada estilhaço
da dor do nosso término que ficou em mim.
Uso as ataduras do amor que ainda sinto por você
e cubro, com cuidado, cada ferida.
Bebo vagarosamente cada boa memória nossa —
mas sou um viciado.
Começa por me alegrar,
termina por me embriagar.
Trôpego, me acidento
e volto a me cobrir dos estilhaços do nosso fim.
Retiro, de novo, cada fragmento
com a precisão de quem já conhece a dor.
E assim eu sigo, como um viciado:
bebendo em excesso das lembranças boas,
me ferindo sempre nos exageros,
sem cessar —
porque sou viciado no amor
que ainda sinto por você.
por Afonso Baldez
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