Poema Meu - Dia Seguinte


Como pode ansiarmos pela companhia um do outro
e não mais suportarmo-nos no dia seguinte?

Como pode postergarmos o sono quando deitados juntos
e ansiarmos pelo torpor solitário na noite seguinte?

Como pode termos certeza do que sentimos um pelo outro
e não mais nos amarmos na conversa seguinte?

Como pode nos entregarmos inteiramente um ao outro
e recolhermos cada fração nossa, do outro, no dia seguinte?

Como pode, como pôde, como posso esperar o dia seguinte
sem temer que tudo me seja arrancado?


por Afonso Baldez

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