Poema Meu - Joelho


Minha barba ainda tem o teu cheiro
De quando eu era joelho,
E habitava o meio das tuas pernas.

Como um beija-flor,
Sorvia o néctar —
Fruto do teu prazer,
Do nosso prazer,
Do meu prazer.

É prazeroso, pra mim, ser marinheiro:
Navegar em tuas águas,
Enquanto você deságua —
E, tal qual Caronte,
Me guia com tua voz,
Gemido-canção.

Se eu pudesse ser uma parte tua,
Seria o teu joelho.
Faria morada
No meio das tuas pernas.


por Afonso Baldez

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